Se você pesquisar divã e olhar as imagens, poderá observar algo assim:

É um móvel charmoso e elegante. É uma espécie de sofá diferente, alguns com designs mais clássicos, outros mais modernos, há variações de acabamentos, cuja função é convidar a pessoa a se deitar. É uma opção confortável, sem dúvida. Mas em um consultório, qual é o objetivo do divã?
No consultório de psicoterapia psicanalítica (ou de base psicanalítica), o divã é utilizado para que não haja (ou que diminua) o contato visual do paciente com a psicoterapeuta, reduzindo interferências e deixando o discurso mais livre, favorecendo as associações de ideias e a fala do paciente. Foi na clínica de Freud que o móvel foi incorporado ao método psicanalítico.

É interessante pensar sobre a relação entre a configuração do consultório, o afastamento e a aproximação entre psicoterapeuta e paciente. Lisboa (2017) argumenta:
“Contudo, a tentativa de distanciar o analista do analisando recebe um golpe, quando, diferentemente do protocolo de atendimento médico que aparenta maior praticidade e superficialidade na relação, o uso do divã encurta a distância afetiva e sujeita o analista tanto quanto o analisando às querelas dos fenômenos psíquicos. Se Freud teve a intenção de manter-se afastado do paciente, não percebeu que esse manejo o aproximou dele, ainda que mantivesse o campo óptico encoberto pela disposição dos móveis do consultório.” (Lisboa, 2017, p.115).
O uso do divã pode ser um diferencial para a condução da psicoterapia, mas nem sempre. Deitar (ou não) no divã não é indicativo de maior ou menor engajamento na análise por parte do paciente. A parceria terapêutica e o manejo que a psicoterapeuta faz da transferência são aspectos que não se restringem ao físico, pois o divã está em um papel simbólico, sobretudo.
Daqui me despeço, até o próximo post!
Referências
Lisboa, Aline Vilhena. O Divã De Freud No Tempo Atual: Ressignificando O Objeto-Veículo De Análise Na Clínica Psicanalítica. Revista Psique, Juiz de Fora, v. 2, n. 3, p. 110-126, jan./jun. 2017.
Sigmund Freud. Obras Completas Volume 10. Observações Psicanalíticas Sobre Um Caso De Paranoia Relatado Em Autobiografia (“O Caso Schreber”), Artigos Sobre Técnica E Outros Textos (1911-1913). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.


